sábado, 27 de outubro de 2007

Preguiça


Preguição, preguição, tá muito quente e eu tô de bobeira...mas não que não tenha feito meu dever de tentar escrever coisas novas a cada semana...tá lá no Zoom RS, excelente site sobre música do Rio Grande. O Editor Carlos Hahn aceitou a idéia, um artigo sobre Os Argonautas, vai lá da´uma espiada:
...http://www.zoomrs.com/resenhas.html#08/

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Apesar do céu

Acho os poemas desse cara muito bons, na medida, cuidadoso com as palavras e sem exageros, métrico e solto, livre, Éverton Behenck:

...http://apesardoceu.wordpress.com/

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Memória


Arquivos no computador. Sempre perco coisas e as acho depois. Essa memória de muitos terabytes tem essa vantagem, lembra tudo. Essa daqui tinha até me esquecido. Já tem melodia e uma harmonia bacana, porque será que tinha deletado do meu processador cerebral? Humseilá!!! Mas vou voltar a tocar, se der liga vai pros tubos.

Na memória do samba
Tem jongo, palavra, dança tem lama
Na descida do morro

Na cabeça do nego
Tem meio dia inteiro sossego
Na caída da noite

Na salada de fome
Na força que vem de dentro do homem
Na parede de vento

Na vida na ginga
No barro da língua
Na chance perdida

Nunca se dirá que é só samba
Nunca se dirá que é só céu
Na palma do destino que é só lança

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Rasgamufa


Faço arte em Paint. Coloridas molduras de fotografias. As oficinas estão indo muito bem. Cometo poemas e canções, nem sei de onde e nem sei porque, muito menos o circunflexo sei onde por. Num dia os vidros estão todos quebrados e não há acentos dentro da sala. Assentos se buscam na vizinhança. Busco imagens na memória e na televisão, coloridas, faço árvores e campos floridos. As dinâmicas se mostraram muito eficientes, entreteram, mobilizaram e me fizeram esquecer. Noutro dia foi o Crack, pedra e cachimbo... engraçado isso do cachimbo, símbolo aristocrático servindo pra queimar neurônios na droguinha mais chinelona da paróquia de Nossa Senhora dos Desvalidos. A grana nunca é suficiente porque o desejo nunca se basta sozinho. Falo arte em Paint e gosto disso, quem quiser que me procure na rua, qualquer uma delas, em qualquer horário.

Para Galeano


Agora que já olhas com teus olhos, percebe...
Essa rua é como a extensão de toda a terra,
Rua de dores, rua de humores, de agonia,
rua que concebe abatimentos e amarguras.
Onde sopra o vento de pedra, que refresca,
Que dá frio, que sara e que fere.

Um por cento dos que moram nessa rua
Tem a grana pra mandar o homem à lua
E seus filhos crescem se entupindo de açúcar,
se enfastiando de gordura, casa com vista pro mar.
Enquanto homens-mulas extraem todo o ouro,
na labuta, alimentam-se do sal de seus suores.
Semeiam filhos no mundo, em arremedo de amores.
Em montanhas feitas de prata deixam seus couros,
e uma vez por mês, levam suas barrigas vazias pra passear,
provar licores, rir, sonhar
com pressa, com urgência,
dançando até a noite acabar!

Nessa rua moram almas que jamais encontrarão
Suas almas irmãs, e pela noite, sozinhas vagarão
conversando com estrelas e postes, luzes de mercúrio,
de néon, que não espantam a escuridão.
Nessa rua dançam pares que se espalham
Como cacos de vidro tentando achar
A velha fórmula, a velha forma, do vaso que quebrou.
Quando enxergar a entrada dessa rua, repara
No baile de fantasmas e vampiros
Repara no sorriso dos aflitos, que se julgam
Incapazes de acertar o compasso dessa dança.

Essa rua é feita de crianças,
E por isso de esperanças.
O destino virá com sua lança
Ensinar o canto de libertação dos espíritos!
Que um irmão reconheça noutro irmão um seu amigo.
Que a diferença seja exaltada por sua beleza
e estranheza e jamais seja motivo de rancor!
Dançam meus olhos e ouvidos quando sei
Que o mundo-rua gira de encontro ao criador.
Dançam meus pés e coração,
Quando a nave-mãe realiza seu bailado sideral.

E sei que todo o bem e todo o mal
Moram em mim porque sou gente, sou fera,
Sou anjo vingador, sou feito de esperas,
Temperado no calor de mil vulcões,
de um sol abrasador,
Resfriado em geleiras seculares, caçado e caçador
na terra, no mar, nos ares!
Sou semente e raiz,
Trigo e tânis e cresço
Com meu tronco hora forte, hora roto,
Bem no meio dessa rua,
Enquanto durar o pão
Enquanto a lua cravar seu brilho no chão!
Enquanto a gente com alma guerreira
Seguir mirando as estrelas!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Semana cheia

Semana cheia de música e oficina. Segunda em Camaquã, hora e meia e Porto Alegre pro sul. Feira do livro, uma bela estrutura circense e show com Mateus gaiteiro e Serraria recitando e cantando. Também tive a oportunidade de soltar o verbo e a voz. Espero por outros. Oficina na terça e o resto da semana para preparar e relatar o que vai acontecer e o já acontecido. Também reina a expectativa em torno da Bataclã FC, estamos prestes a colocar trilha sonora em um importante documentário feito na cidade. Acho que depois disso tudo caberá um esticão em Cidreira, aproveitar a primavera e suas temperaturas amenas. Vamos ver.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Elite da tropa


Eu tava meio desavisado, não tinha me ligado nesse novo fenômeno chamado Tropa de Elite. Mas daí me caiu o livro na mão, Elite da Tropa, acho que tem de ler, não tem filme que substitua, aliás, são coisas tão diferentes que acho aquela frase, "O livro é melhor" um troço despropositado, coisa de quem se gaba de ler, ou talvez de ter tempo e grana pra comprar livro, o que nesse país sempre pode ser uma maneira de se destacar, né, coisa de elite isso de ler. Aqui embaixo vai um trecho, que já avisa da contradição dessa experiência, pois então, Luiz Eduardo Soares, um dos caras que mais sabe do assunto da violência urbana no Brasil mais André Batista e Rodrigo Pimentel.



"Homem de preto,
qual é sua missão?
É invadir favela
e deixar corpo no chão."
"Você sabe quem eu sou?
Sou o maldito cão de guerra.
Sou treinado para matar.
Mesmo que custe minha vida,
a missão será cumprida,
seja ela onde for
— espalhando a violência, a morte e o terror."

O Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE para os íntimos, chega à praça de guerra. Estamos com gana de invadir favela, um puta tesão. Desculpe falar assim, mas é para contar verdade ou não é? Você vai logo descobrir que sou um cara bem formado, com uma educação que pouca gente tem no Brasil. Talvez você até se espante quando souber que estudo na PUC, falo inglês e li Foucault. Mas isso fica para depois. Vou tomar a liberdade de falar com toda franqueza, e, você sabe, quando a gente é sincero, solta o verbo e nem sempre as palavras são as mais sóbrias e elegantes.
Se você está esperando um depoimento bem educadinho, pode esquecer. Melhor fechar o livro agora mesmo. Desculpe, mas me irrito com as pessoas que querem ao mesmo tempo a verdade um discurso de cavalheiro. A verdade tem de ser convocada a comparecer, e ela só baixa no cavalo desbocado, que se recusa a filtrar a voz que vem do coração. Por isso, a verdade está mais para discurso de cavaleiro e de cavalo, do que para os salamaleques da corte. Esse depoimento é como se fosse minha casa. Ele vai ser belo, sublime e horrendo, como eu sou, como tem sido a minha vida. E como é a sua vida também, com toda certeza. Entre, fique à vontade. A casa é sua. No início você vai estranhar um pouco algumas coisas, mas depois vai se acostumar. Eu também estranhei no começo. Quando entrei pra polícia, estranhei muita coisa. Mas logo me acostumei. A gente se acostuma. Portanto, meu caro amigo, caríssima amiga — posso chamá-los assim? —,apertem o cinto e vamos em frente...